terça-feira, julho 08, 2008

O Homem e a Alma




O Homem e a Alma - Gibran Khalil Gibran

E o Deus dos deuses separou de si mesmo uma alma
E a dotou de beleza.
E deu-lhe a suavidade da brisa matinal
E o perfume das flores do campo e a doçura do luar.
E entregou-lhe a taça da alegria, dizendo-lhe:
"Só poderás beber desta taça se esqueceres o passado
E não te preocupares com o futuro."
E entregou-lhe a taça da tristeza, dizendo:
"Bebe dela, e compreenderás a essência da alegria da vida."
E soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro suspiro
De saciedade, e uma meiguice que a abandonaria à primeira
Manifestação de orgulho.
E fez descer sobre ela, do céu,
Um instinto que lhe revelaria os caminhos da verdade.
E depositou nas suas profundezas uma visão que vê,
O que não se vê.
E criou nela sentimentos que deslizam com as sombras
E caminham com os fantasmas.
E vestiu-a de um vestido de paixão
Que os anjos teceram com as ondulações do arco-íris.
E colocou nela as trevas da dúvida,
Que são as sombras da luz.
E tomou fogo da forja do ódio,
E ventos do deserto da ignorância,
E areia do mar do egoísmo,
E terra pisada pelos pés dos séculos
E amassou todos esses elementos
E fez o homem.
E deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de loucura
E desvanece diante das tentações.
Depois, depositou nele a vida,
Que é o reflexo da morte.
E sorriu o Deus dos deuses, e chorou,
E sentiu um amor incomensurável e infinito
E uniu o homem e a alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concentrate to the things that could give information to the people.